No artigo anterior foi tratada a
fissão nuclear sob a ótica do seu perigo (a radioatividade).
Neste,
o Zé elétrico muda o foco para uma FICÇÃO nuclear. Ficção é fantasia! É sonho!
E aqui começa
a fantasia. Não se sabe se ela é proveniente de um sonho acordado, porém, sonho
é sonho.
O Zé elétrico
nos contou um dia, após ter ouvido o relato do sonho que um técnico teve com as
usinas nucleares, que este havia sonhado que estava trabalhando numa grande
alteração de projeto que envolvia as usinas de Angra 1 e 2. O escopo era o de levar
uma ramificação da tubulação do vapor principal de Angra 2 para a turbina de Angra
1.
Quem muito
esteve preocupado com a atividade em questão foi o engenheiro Oriço Jr. Ele
mais pareceu ter sido um comandante em chefe daquela operação, a considerar que
ficava todo arrepiado ante a cada passo desenvolvido. Coisa de Mágno! Magano! Havia
batizado aquela operação de caravana do São Jorge Luiz, quer dizer, do São Jorge
da Luz, não tendo nada a haver com o nome do seu querido chefe da cidade de Resende.
Havia dado
tudo certo, porém, uma coisinha aparentemente simples chamou-lhe a atenção. Foi
logo assim que se conseguiu com o retorno do vapor condensado para o gerador de
vapor de Angra 2. Ele notou que havia uma válvula com defeito. E esta carecia
de ser trocada.
Na medida em
que se dirigiu ao setor de sobressalentes, ponderou sobre a importância de se
trocar logo aquela válvula, pois, o tal projeto em que trabalhava era para
atender uma inédita geração simultânea de energia nuclelétrica produzida pelas
duas usinas, apostando no trabalho mecânico de uma só delas, ou seja, a de
Angra 2.
- Fantástico! Genial!
- Exclamou ele, que disse: - o que
estou agora para ver, em termos de ineditismo, é uma esperada produção de
energia graças a potência do gerador de vapor de Angra 2 que é o dobro a de
Angra 1.
A corte na
Candelária já dava como líquida e certa aquela alteração de projeto. E foi
tomada de surpresa quando veio, a saber, que estava faltando uma complementação
para fechar o esperado. O certo é que, por parte dos súditos, não viera
informação clara do que faltava.
Lion não
acreditava no que se passava. Tratou de fazer consulta com o Oto, o Rino, que arrancava
os parcos fios de cabelo que ainda lhe restavam.
Mas, a caravana havia empacada. E a parada das
usinas continuava. E isto cheirava a encrenca.
Dores de
cabeça à parte com a parada, a caravana agora só corria contra o tempo,
tentando cumprir o seu destino superando pedras, pedrinhas e até Pedrão se
lascando. Porto à distância era a esperança de chegada da peça, com Cunha a se
introduzir sua cabeça numa brecha. Solera antes o manual de operação do Gedeon
que prometia fazer soar a trombeta.
A tentativa
era fazer chegar à corte noticia de que o problema não era, assim, tão difuso
do que se acreditava. A coisa, diziam, não está tão preta. Está mais para um Negrini.
Campello tranquilizava
Jordani que havia Soares da vinda de uma boa nova.
Mas, a verdade, era outra. A encrenca rumava a
contornos de Mázaro a pior.
- Isto só pode
ser praga do Argentino – gritou o Maciel, ao Pequeno, da garantia.
Um puxa saco completamente
desinformado, fez chegar a notícia de que a tal peça em questão se tratava da
válvula do Olívio.
-Válvula do
Olívio? Que porra é essa? – vociferou um picão da corte, espumando de raiva.
-Calma! Calma –
alguém, de modo sereno, interveio e, complementando, disse:- trata-se da válvula de alívio. O problema reside na falta dela que
não tem reposição no momento. Daí, toda esta confusão e mal entendido.
O Nogueira e
Vidinha, à parte, riram-se discretamente, como muitos, frente à boa nova notícia.
- O pastor Ao
seu, dispor, fez ecoar: - Glória! Oh,
Glória!
- A Alvarez? –
Perguntou o professor, Sotano baforada!
- Acorda Alice
– retrucou ele. É a aleluia! Glória, Aleluia!
Um tempo para
a reposição da peça fora Marcatto pelo Rezende em conversa com o Vassalo da
DIMTO. Com isto os ânimos foram serenados e, a corte, se viu satisfeita com o
relatório final. E todos se congratularam ante ao sucesso alcançado.
Por parte da mídia, muitos foram os elogios que se sucederam nas
manchetes.
O Operador do Sistema tratou de adjudicar a causa como uma façanha sem
precedentes.
E muitos foram
os que falaram acerca da responsabilidade dos trabalhadores nucleares. Muitas
abordagens aconteceram em se tratando de alocuções elogiosas ao setor nuclear.
Sobre os
responsáveis das usinas nucleares, muito se falou. Mais além: fizeram também apologia centrada nos
homens que, diariamente, convivem com aquilo que é tratado como um mito, ou
seja, a radioatividade. Os operadores das usinas nucleares são, antes de tudo, paladinos
escudeiros da prática nuclear. Sim! Paladinos escudeiros! Por quê? Porque são
trabalhadores de grande bravura! E também porque eles próprios estão à frente de
um labor, cuja especificidade difere de tudo o que existe na prática laboral
das grandes, médias e pequenas indústrias. Labor que exige domínio pleno de
conhecimentos sobre o que é considerado, ainda, de um mistério. Mistério como a
da radioatividade. Constantemente eles estão circunscritos a estresses,
nervosismo, fadiga e necessidades de autodomínio. Ali, entre eles, a vacilação
não pode existir. O inseguro não tem espaço entre eles. Fazem-se necessários
cursos constantes de reciclagem para que de nada se esqueçam do que é
imprescindível para o controle, eliminação de riscos e a produção de energia
nuclelétrica. Afinal, se sabe, que o termo ou a palavra paladino se refere a homem
de bravura. Homem este que deve ser um indômito frente às adversidades.
Sobretudo à da nuclear.
(Nota do
autor: o presente artigo tem o objetivo de fazer uma apologia aos briosos
companheiros de trabalho da área nuclear. Qualquer semelhança com os nomes dos
colegas aqui depreendidos, é uma mera coincidência que deve ser levada em conta
como um louvor de carinho e respeito dado a cada um deles. Impossível
contemplar todo o universo dos nossos colegas. Daí o pedido de desculpas que o
autor deixa aqui patente em face desta não contemplação).
Mambucaba,
Paraty.